Com o título ‘Nem só de aplausos se faz a democracia’, seis entidades assinam manifesto onde apresentam uma visão política madura sobre sociedade e democracia. O manifesto foi encaminhado à redação do Jornal Grande Bahia, com objetivo de apresentar à sociedade feirense, e mundial a versão dos fatos sob a ótica de quem protesta.
O manifesto lembra que a nossa democracia ainda está na infância. Enquanto muitas pessoas aplaudem e admiram quando trabalhadores e classes oprimidas fazem protesto na Europa e na América do Norte. No Brasil, estas mesmas pessoas têm um comportamento anverso, repudiando e criticando quem demonstra formação política e capacidade de organização social.
Apoio ao movimento
O Jornal Grande Bahia (JGB) surgiu identificado com os estudos marxistas sore o capitalismo, e desde a primeira publicação mantem-se alinhado com o pensamento social de esquerda, que coloca o ser humano nos centro das questões de Estado. Neste aspecto, solidariza-se com os membros do movimento que legitimamente protestaram. Não contra a pessoa de Yoani Sánchez, mas contra a opressão que sofre o povo cubano. É bom lembrar que a base ideológica à qual Yoani Sánchez defende, o capitalismo de ultra direita, opressor de massas e que promove a mais-valia absoluta, é a mesma que decretou o embargo econômico a Cuba.
Recordar é preciso, registrar ainda mais
Ao longo de décadas, o embargo estadunidense impõe a uma pequena nação, uma das mais violetas formas de opressão social e política. Algo pouco visto na história da humanidade. Yoani Sánchez se identifica com estas atitudes, e mesmo que no vazio do discurso, diga ser contra o embargo, na essência se mantém favorável. Pois o que está em jogo são disputas ideológicas.
Confira a íntegra do manifesto
Nem só de aplausos se faz a democracia
Para nos situar nos “fatos reais”, é importante dizer que a maioria das coisas que dizem sobre o ocorrido em Feira de Santana não condiz com a verdade. De início, o evento – a tal exibição do documentário – estava marcado para as 19 horas, mas a Yoani Sánchez só chegou ao local às 21 horas. Fazendo com que jornalistas, dezenas de militantes e alguns poucos interessados no evento ficassem a esperando. Em nenhuma das palavras de ordem usadas na pacífica manifestação (é bom que se diga que os militantes fizeram questão de tomar todo cuidado e certa distância para que não fossem acusados pela grande mídia de nenhum tipo de agressão – prova disso é imagem ridícula do senador Suplicy berrando para que os manifestantes tivessem a coragem de se aproximar) se pedia para que o documentário não fosse exibido. O que houve foi o democrático direito de se valer das “vaias”, assim como se poderia se valer de “aplausos”. Aplausos e vaias devem conviver em um ambiente democrático, ou não???
Após ser recebida por uma manifestação daqueles que defendem Cuba e que acreditam que Yoani presta exclusivamente serviços aos interesses norte-americanos, Yoani covardemente se escondeu numa sala contando com a segurança de dezenas de guardas-municipais. Algum tempo depois, um cidadão saiu da mesma sala dizendo que o evento seria cancelado. A partir disso começaram as NEGOCIAÇÕES para que houvesse um debate entre a blogueira, o senador, o prefeito e membros da manifestação. Depois do acordo firmado, a Yoani saiu da sala se dirigindo à mesa, momento em que foi cercada pelos jornalistas, e não pelos manifestantes (os quais mantiveram a preocupação de se manterem afastados). O debate foi extremamente democrático. Cada integrante da mesa fez uma intervenção, enquanto a Yoani fez quatro intervenções sem que o tempo de sua intervenção fosse contado de maneira rigorosa. Enfim, a cubana pôde falar mais de 40 minutos, sem contar com o apoio da fala de Suplicy, enquanto os manifestantes tiveram pouco menos de 20 minutos.
Não houve nenhum tipo de agressão, impedimento ou coisa do gênero, mas houve, isto sim, um amplo espírito democrático. Pena que o episódio não tenha sido exibido ao vivo e em sua totalidade.
Nossa “democracia” é muito jovem, por isso ficamos tão escandalizados com as manifestações nativas. “Bom mesmo são as que ocorrem na Europa, ou nos EUA!!!”
Feira de Santana protagonizou uma noite de forte tumultuo democrático. Isto mesmo; Tumultuo. O Brasil vive uma passividade pouco democrática. Fruto de um moralismo coercitivo que impede as vaias e a liberdade de expressão. Uma coerção que impede de pensar nas crianças analfabetas ou nas que não podem brincar. Que impede de adotar opiniões para além das noticiadas na globo, veja, folha e por aí vai.
Em 1967, houve um ilustre baiano que ao participar de um festival nacional foi recebido por uma enorme vaia, mas durante sua apresentação as vaias se tornaram gigantescos aplausos. Pelo visto a Yoani não teve essa capacidade, tomou vaias e continuará recebendo-as.
P.S. – Esse papo de dizer que as ações dos estudantes e trabalhadores que se manifestaram em Feira de Santana parecem com os “orquestrados por terroristas” é igual a conversa fiada de Bush contra seus adversários. Espero que Feira não receba o mesmo tratamento que Iraque, Afeganistão e outros receberam dos EUA.
Assinam o manifesto
AMES | FSA
Movimento Levante | UEFS
União Da Juventude Rebelião – UJR
Movimento Luta de Classes | Bancários
MLB | Ocupação Chico Pinto
Centro Cultural Manoel Lisboa
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