Cesar Fonseca em 18/12/2014

OBAMA JOGOU PARA APROXIMAR ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA LATINA E FAZER SEU SUCESSOR DEMOCRATA NAS ELEIÇÕES DE 2016. Isolamento de Cuba, concluiu Obama, não deu certo. Do ponto de vista capitalista, que é o professado pelos americanos, foi burrice. Calcula-se que durante 53 anos de bloqueio comercial dos Estados Unidos a Cuba negócios da ordem de 1,5 trilhão de dólares foram perdidos. Mas, estava na lógica do Estado Industrial Militar Norte-Americano, assim denominado, em 1960, por Eisenwoher. Kennedy, em 1961, a partir da decisão de tentar isolar Cuba do mundo, acelerou a economia de guerra, essência do capitalismo americano, ocupando todos os continentes com bases militares, jogando, keynesianamente, com expansão do déficit público, tendo o dólar como moeda universal para as relações de troca. Enquanto isso, Cuba, massacrada, buscou apoio da União Soviética. Esta, também, acabaria se sucumbido ao poder econômico e militar americano, com a queda do muro de Berlim, em 1989. Cuba, sem os soviéticos, passou a viver intenso inferno astral, porém, sem render-se ao gigante do norte, ancorada que estava no projeto socialista, que elevou a moral do povo cubano, poderosa influência sobre toda a América Latina. Quanto mais Washington tentou isolar Havana, mais aumentou a solidariedade latina e mundial aos cubanos. Por sua vez, Cuba, apostando na educação e na ciência médica, ganhou notoriedade global, para ajudar os povos oprimidos, na África, na América do Sul, na América Central, no Caribe e, até, nos Estados Unidos. Os Estados Unidos, por não renunciarem à tentativa insana de manter a América Latina colonizada, jamais conseguiram materializar o falso discurso dos falcões de Washington, a América(Norte-Sul-Central e Caribenha) para os americanos. Não ganharam os americanos corações e mentes sul-americanas. Foi necessária a força, a ditadura, as operações Condor, a exploração à força, a permanente tentativa de desagregação, por meio da falsíssima OEA, na qual Washington impediu a entrada de Cuba, mantendo nela governos latinos submissos ao poder do dólar. A altivez cubana virou calo na cabeça da América do Norte. A redemocratização sul-americana, a partir dos anos 1980, em pleno neoliberalismo fixado pelo Consenso de Washington, conteria suas contradições. Os povos latino-americanos, conquistada a democracia, partiram para governos nacionalistas, nas duas últimas décadas. A crise capitalista, impulsionada pela especulação de Wall Street, em 2007-2008, abalou o poder do império de Tio Sam e colocou o gigante europeu de joelhos, bem como deixou o Japão em total saia justa. Estados Unidos, Europa e Japão, o tripé capitalista da dominação internacional, fraquejaram e os emergentes emergiram. China, Rússia, Índia, Brasil e África do Sul – criaram os BRICs, essencial à germinação de novo sistema monetário internacional, que avança com o nascimento do Banco dos BRICs, abalando as âncoras de Bretton Woods – Banco Mundial e FMI -, gerados em 1944, no pós guerra, sob domínio americano. A fragilidade relativa do império e o fortalecimento relativo dos emergentes equilibraram o poder mundial, tirando a supremacia absoluta dos Estados Unidos e Europa, financeiramente, abalados. A América do Sul se aproximou dos BRICs, o antigo G-8 todo poderoso virou pó e a germinação do G-20 criou nova correlação de forças global. Estados Unidos tentaram criar a ALCA, mas sem espírito de solidariedade. Não deu certo. Os sul-americanos, dominados pelo espírito nacionalista em expansão, partiram para materialização do discurso integracionista, embora os ataques imperiais à consecução desse propósito tenham alcançado êxito na tarefa de impedir, até agora, sucesso do Mercosul. Mas, nasceu, em meio a essas dificuldades todas, a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), a Alba e a Celac, que deram cabo político da OEA. A influência de Washington na América do Sul continuou poderosa, devido ao peso econômico americano, mas a capacidade de promover união sul-americana em torno dos objetivos de Tio Sam evaporou. O unilateralismo de Tio Sam perdeu força, bichou. Nesse contexto, o isolamento de Cuba, que já não tinha sentido algum, dada a resistência cubana, amplamente, apoiada por todos os povos, tornou-se, inteiramente, inadequada para os interesses dos Estados Unidos. Os americanos perderam, de forma acelerada, prestígio político internacional e, principalmente, no continente sul-americano e central. Obama, no seu primeiro mandato, prometeu reatamento. Mas, por ser negro que chegou ao poder no império, encontrou dificuldades. A disposição obamista de reverter tal isolamento cubano, bateu, sempre de frente, com a elite política racista dos Estados Unidos, ainda, resistente à decisão do presidente. Washington, porém, estava precisando de um gesto global que refizesse seu prestígio político, abalado em todo o mundo, depois da crise financeira de 2007-2008. Reatar com Cuba, reconhecer que deu mancada histórica, agindo como agiu, covardemente, representa, no ambiente de fragilidade relativa global do império, uma forma de pedir perdão ao mundo, sem formalização, porque o orgulho e a vaidade não deixariam acontecer a formalidade da humildade. Abre-se um novo tempo como final dessa guerra fria e Obam, que estava terminando seu mandato como pato manco recupera-se espetacularmente aos olhos do mundo, fazendo jus a sua condição de premio nobel da paz. Davi venceu Golias. E o multilateralismo finca mais um prego no caixão do unilateralismo individualista, egoísta, orgulhoso.
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