terça-feira, 11 de setembro de 2012

O verdadeiro 11 de setembro: Ele mudou, para pior, a América Latina

Em 11 de setembro de 1973, o mundo perdia Salvador Allende.
A América Latina teve duas experiências populares decisivas na segunda metade do século 20. Um delas foi a Revolução Cubana, em 1959, que inspirou os latino-americanos a acreditar na revolução armada a partir do foco guerrilheiro como alternativa para derrubar ditaduras ou para implantar governos populares. A outra foi a vitória do médico Salvador Allende no Chile. Pela primeira vez, uma aliança de partidos de esquerda chegava ao poder na América Latina pela via eleitoral.
De acordo com seus amigos, El Pije (elegante), como Allende era conhecido, já discutia política aos 15 anos com a malícia de um veterano. Seus primeiros contatos com essa atividade aconteceram no colégio, quando conheceu o anarquista italiano Juan Demarchi, que lhe indicava leituras.
Allende estudou Medicina na Universidade do Chile e, em 1927, foi eleito presidente do Centro de Alunos. Em 1933, foi um dos fundadores do Partido Socialista Chileno, dele fazendo parte até 1946. Em 1937, foi eleito deputado e, dois anos depois, nomeado ministro da Saúde, função que exerceu até 1942. No ano seguinte, assumiu a direção do partido. Em 1945, foi eleito senador, cargo que ocupou durante 25 anos.
Salvador Allende perdeu por três vezes as eleições presidenciais, em 1952, 1958 e 1964, mas conseguiu eleger-se presidente do Chile em 1970, como candidato de uma coligação de esquerda, a Unidade Popular. Sem fuzis, sem guerrilhas, os partidos Comunista e Socialista, na Unidade Popular, em 1970, deu às esquerdas mundiais a esperança de que a luta de massas também conseguiria chegar ao poder. Assim, Allende entrou para a história da política mundial como o primeiro marxista a chegar ao poder por meio das urnas.
Allende assumiu a presidência no dia 3 de novembro de 1970 e durante seu governo nacionalizou as minas de cobre, a principal riqueza do país. Além disso, passou as minas de carvão e os serviços de telefonia para o controle do Estado, aumentou a intervenção nos bancos e fez a reforma agrária, desapropriando grandes extensões de terras improdutivas e entregando-as aos camponeses.
Desde que assumiu o poder, Allende tinha em mente o projeto de construir um “caminho chileno para o socialismo”. Assim provocou a oposição da direita e do governo norte-americano, que uniram suas forças para prejudicar sua política. Em 4 de setembro de 1972, Allende denunciou em vão, nas Nações Unidas, as tentativas norte-americanas de desestabilização do Chile.
A situação econômica tornou-se catastrófica. O governo de Allende sofria com a direita golpista. Sabotagens dos empresários, que escondiam gêneros de primeira necessidade, e dos EUA davam mais combustível para as campanhas golpistas da direita.
Apesar das graves dificuldades econômicas, a Unidade Popular obteve 43% dos votos nas eleições de 1973. Em junho desse mesmo ano, porém, ocorreu uma frustrada tentativa de golpe de Estado. Três meses depois, no dia 11 de setembro, o governo de Allende foi derrubado pelo exército, liderado pelo general Augusto Pinochet.
Decidido a não entregar o poder, ele teria se suicidado na sala da presidência, com um tiro na cabeça de fuzil automático AK-47, presente do amigo cubano Fidel Castro. Há quem sustente que ele foi morto pelos militares. De qualquer modo, naquele dia, aos 65 anos, Allende tornou-se uma das primeiras vítimas da ditadura militar chilena, que durou 17 anos e deixou pelo menos 3 mil mortos ou desaparecidos.
Texto recebido por e-mail.

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